Percorro as ruas sujas desta cidade e sinto-me debaixo de uma cúpula onírica sem forma. Adiante vejo os homens com suas quimeras transformadas em palavras.
Ouço os risos desesperadamente doces de ninfetas e seus malacos e seu revólveres. Adiante a salvação sob a forma de cruz e o amor é morte disfarçada.
Vejo-me como alguém que não sabe
manter a pose
e que por isso
não é objeto de paixão.
Contemplo a estrutura
e vejo onde erro.
Sinto a volição frustrada
e o coração amargo.
Tento entender do que falo, porém não tenho noção. Essencialismo X Descritivismo. Palavras soltas, teorias que se desmentem uma as outra em profusão e que são anuladas pelos atos.
A importância da arte
é fazer parte.
Sinto-me quebrado.
Despedaçado,
tentando saborear cada momento da vida por si só. Amo o meu esforço mas odeio não ter carinho, nem sexo. Entrego-me à ilusão para ter o prazer pleno, fingindo não ter corpo
mas tendo prazer com ele.
Solidão ontológica e isolamento físico.
Discursos lógicos e Absurdo.
Mentes aberta e racismo.
Afinal onde está a loucura?
Em mim, em toda parte
e nisso tudo eu capto algo mais, não metafísico, mas transcendental, tanto quanto o ato de deglutição ou o processo de letramento.
Minha mão cansa.
Minha voz idem.
Todavia eu nada disse ainda.
Ruptura de valores,
de esquemas,
o que fazes com o que tens?
Trepar, ler um livro, falar, teclar, ouvir, rir, chorar, gritar: sentir toda a pequenez imensa de meu ser-para-a-morte! Tragar tudo, ser revoltado, viver o absurdo amor humano.
Sinto-me travado, sem vida,
sem liberdade...
Querendo me desfazer,
querendo ser eu.
O tempo correr e me concretiza.
E meu terror é saber que um dia
ele para...
(14/04/2011)