Sentado no banco
vi carros e pessoas passarem.
Sem ser tão amargo quanto outrora
sinto que muitos ali são autômatos.
Olho para o relógio
e percebo que ela está atrasada.
Penso em todas as palavras proferidas
e em todos os fracassos sofridos
e tudo gira vertiginosamente.
Com bastante atraso,
vejo-a chegando.
Infelizmente teremos pouco tempo
e isso me exaspera ainda mais.
Ela toca minha mão
e todo desespero some.
Sentamo-nos de novo
e sem demora a beijo...
Tudo gira novamente
mas não me causa náusea.
A cada novo beijo
sinto que não me fito mais
do lado de fora da situação.
Ali estou eu,
intencionalidade toda revolvida
pela vontade de ser concreto em pleno nada.
E a cada novo passo de volta,
a cada novo gemido no beijo
e a cada palavra doce
que ela profere,
toda a minha desgraça perde sentido.
Agora estou aqui, deitado,
esperando seu sinal
em meio à ruína.
Desejo que ela volte
para eu voltar a perder meu sono em paz.
Que ela me diga se passei
ou não em seu teste.
O fogo em mim cresce.
Minhas pernas inquietam-se.
Meu coração dispara.
Tudo em mim se renova
Sou apaixonado pela descoberta
e ela é um grande universo
a ser desvendado e amado.
E eu que de tantos universos despedaçados
estou rodeado,
não consigo mais me imaginar
sem esta inefável psicodelia
em forma de mulher!
(01 de agosto de 2011.)